segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

37º dia: de Pampamarca a Ollantaytambo

LUÍS:

O que a gente si fu ontem, foi de bom hoje.
Eu já falei que gosto de montanhas né?


Bem, vamos por partes.

Acordei era umas 4 da madrugada e não conseguia mais dormir. Apesar do frio de ontem, não era tarde. Não passava das 20h ou 21h quando deitamos eu acho. O sol aqui tem se posto por volta das 19:15h e daí fica uma escuridão só. Ainda mais com chuva.

Enfim, não consegui dormir quase, rolava de um lado para o outro e nada do sono vir. Cochilei um pouco e acordei novamente, minutos antes do celular despertar com uma música gentil às 7h da manhã. Dona Luciana parecia um forno sob as 4 camadas de cobertor. Dormia feito a bela adormecida, nada de acordar.

Levantamos umas 7:30h e já vai pela janelinha que estava claro, parecia dia de sol, sem chuva no cenário que eu via.

Que bom, aproveitei e fui ao banheiro. Número 1 e corajosamente número 2. Nem conto como foi isso, não pode ir pro blog. A gravidade faz todo o trabalho! Guardamos papel de todos os lugares, até guardanapo de almoço, hehehe, tem uma utilidade abusrda em momentos extremos!

Arrumamos as coisas e pegamos estrada. Fazia 7°C segundo o sensor de admissão de ar da moto. Mas a sensação não era tão ruim, pois o ar estava mais seco (não estava chovendo) e havia um solzinho que aparecia de vez em quando.

Subimos mais um pouco, batia mais de 4.500m de altitude e pensei... que merda! Vai subir outra vez? Não sabia que o Everest ficava aqui no Peru!

Mas enfim, começou a descer outra vez e foi indo...passamos por umas llamas, guanacos, vicunhas, carneiros, de tudo na estrada. Estava bonito. Depois chegamos a um vale e paramos para tirar umas fotos com um sol bonito. Depois fomos descenco pelo vale ao lado do rio que corria quase mais rápido que nós.

Descemos até 2.500m de altitude quase...até começar a subir outra vez. Baita gangorra. E foi assim umas 4 vezes neste dia. Almoçamos em Albancay ou Albacay, coisa assim. Que bizarra essa cidade. Tem um cruzamento no meio e tudo para. Até chegar ali não acreditei na imbecilidade do povo. Um cruzamento fecha o trânsito da cidade desde a estrada!

Difícil acreditar sabe... mas é sério, peruano no trânsito tem um problema de desligar uns 90% dos neurônios e usar os outros 10% só para bozinar. Os caras são piores que portas. Pois portas abrem e fecham, tem de onde vir para onde ir. Os caras não, são absolutamente bizarros no trânsito.

Até com a moto foi difícil passar por aquele fudunço. Mas deu certo. Logo em seguida paramos e almoçamos truta frita. Sabe com o que? Dou a moto para quem adivinhar! Arroz e batatas. Sim, acertou. Pode vir buscar ela aqui se me encontrar. Estarei entre Acre e São Paulo quando vocês lerem isso. hehehehe

Seguimos viagem e eu, já vacinado pela chuva, coloquei a calça de motoboy, uma calça de chuva de plástico quase. Protege pois não entra água, mas também não sai ar. Então cozinha tudo. Melhor do que tomar água ali onde ficam os herdeiros. Pois sabe...tem um caminho que a água gelada faz que vai direto neles, parece que não passar por lugar nenhum e só chega ali numa temperatura de uns 8°C de repente e da aquela congelada que quase ejeta a gente da moto.

Foda meu... dá um aperto sabe. Melhor assar que congelar!

Então fui eu todo plastificado, me sentindo uma mala de aeroporto que as madames enrolam no plastiquinho e pagam cinquentão para isso.

Seguimos, subindo, descendo...Cusco foi ficando perto, 200km, 180km, 100km... e vai...sobe e desce o dia todo. Mas sobe de 2.500 para 4.000m, depois desce, uma maluquice.

Até que numa subida de um vale a estrada estava novinha, tanto que nem tinha a pintura do meio separando as faixas de vai e volta. Havia um bloqueio de anda e para, pois só uma mão funcionava. Paramos e aproveitei para perguntar para os locais a melhor forma de chegar a Machu Picchu dali.

No GPS eu fiz uma rota que passava por Anta e depois por umas cidadezinhas até chegar o mais próximo possível de Machu Picchu, mas eu não sabia o nome do lugar. A moça qe segurava a placa de Pare e Siga e mais um cara que estavam ali me disseram um nome que levei umas duas horas para aprender. Só hoje aprendi e sei dizer de verdade.

É assim ó: OLLANTAYTAMBO. Vamos lá, repetindo: O - LLAN - TAY - TAM - BO. Pronuncia-se "Olhantaitambo".

Não perca tempo tentando dizer isso, exceto se você quiser vir para cá em breve.

Enfim, a rota que eu havia traçado no GPS meses atrás era a correta e precisava chegar em Anta e pegar uma saída direta para Ollantaytambo, que seria a cidade mais perto de Machu Picchu. Não precisava ir até Cusco e depois voltar.

Maravilha, ia economizar algumas horas e talvez uma noite de pernoite em Cusco para depois vir até aqui. No fim das contas economizamos bastante na viagem de trem, pois de Cusco é bem mais caro do que daqui, por ser mais perto do Vale Sagrado.

Bem, chegamos à ilustre cidade de Anta e no caminho tive uma ideia para mudar de vez a vida da Luciana. Comprar uma bota daquelas galocha. Sim, aquelas que açougueiros usam. Jardineiros, etc... Aquelas de plástico/borracha que vai até quase o joelho. Afinal, se a calça não é comprida o suficiente e não da pra cortar a perna da bixa melhor comprar uma bota mais alta.

Custou 22 soles. A dona onça nunca mais vai me falar que tá com o pé molhado agora!

Já tá dado o presente de casamento.

Seguimos para Ollantaytambo seguindo o GPS. Caiu uma chuvinha para testar a bota e a cada 2 min eu perguntava se tava molhado. Ok, ok ok...tudo ok. Maravilha então. Vamos andar na chuva agora kkkkk

Que nada, brincadeira. Vai que começa a cair raio na gente né, daí colocar para-raio na moto não combina.

Interessante que os caras na cidade de Anta falaram que esse caminho direto era o melhor e estava bom.

Meu, bom? P...m.... kct, era uma barranqueira só. No começo era a melhor estrada de terra até aqui, mas depois que colou na estrada de ferro começou a ficar um sobe e desce, passa na água até o joelho, passa em valeta, barranqueira, pedras, de tudo. Imagina se estivesse ruim.

Mas deu tudo certo, essa estradinha de terra margeia o mesmo vale por onde passa a estrada de ferro por onde passam os trens que vem de Cusco para Machu Picchu e, no meio, passam por Ollantaytambo.

Seguimos até chegar a uma estação ferroviária e me informei com um guardinha que estava ali. Ele disse para seguir pela esquerda ao invés da direita, por onde o GPS me indicava. Acreditei nele e seguimos. Que boa ideia. Era uma estarda deserta, mas bem conservada e não tinha mais do que 6km, ligava direto à cidade. Estávamos na margem esquerda do rio e na margem direita dava para ver a estrada de asfalto e o movimento intenso de veículos.

Pela nossa estrada VIP andamos até parar para fazer um xixizinho e tirar umas fotos. Belas fotos por sinal.

Seguimos a chegamos à cidade. Cruzamos a ponte na hora exata em que passava o trem de volta de Machu Picchu lotado de gente. Bem legal.

Procuramos um camping, pois o tempo estava bom, mas nem rolava. O banheiro era compartilhado e sem garantia de que poderia usar. Bizarro. Ou é compartilhado de acesso livre ou é cagar no mato.

Avançamos e procuramos outro hotel, mas estava caro e o mané não aceitava cartão, apesar dos 30 adesivos de Mastercard, Amex, Visa, Diners...todos colados na porta da frente.

Procuramos outro camping, não rolou, não achamos. Até que então paramos no meio da muvuca e entramos de hostel em hostel até achar um lugar com boa relação custo x benefício e encontrei esse onde estamos por 60 soles a noite. Excelente. Pena pagar só no cash.

Enquanto a dona onça de botas novas subia com as maletas fui até a estação de trem comprar os tickets para visitar Machu Picchu no dia seguinte. Uma facada...conto isso a parte.

Tomamos banho e perguntamos pela melhor pizzaria da cidade. Chegamos lá e não tinha nenhuma cara de pizzaria. Até porque a pizza você escolhe o sabor. Mas um a um dos ingredientes. Tipo, quero bacon, tomate, ervilha... e por aí vai. Montei duas pizzas e saiu bom o negócio sabe. Só faltou azeite, coisa que praticamente não vi nem na Bolívia nem no Peru.

Barriga cheia, merecida e quentinha cama!


COMO VISTAR MACHU PICCHU

Não sou mega expert, mas já passei por essa e talvez possa facilitar a sua vida.

Venha o mais próximo possível de Machu Picchu, pois há basicamente 4 formas de chegar lá.

1. De trem desde Cusco - a mais cara

2. De trem desde Ollantaytambo - a menos cara

3. De carro por trás de Machu Picchu, parando em uma hidrelétrica

4. A pé pelo trilho de trem

Não sei qual é seu pique, mas se não é maluco e não tem 4x4 recomendo a opção nº 2. Vamos agora explicar cada uma.

A opção 1 (desde Cusco) é a mais sussa, vem de trem até a vila de Machu Picchu, daí compra um ticket de ônibus superinflacionado por 19 dólares ida e volta, que te leva até a portaria de Machu Picchu (ruínas). No mesmo lugar onde compra o ticket do bus, ali perto vende ticket do parque (ruínas) que é uma facada. vai de 60 soles pra cima, até 128. Depende da rota... vai dar uns google aí e se informa. Aceitam carteirinha de estudante para a entrada do parque, mas o bus e o trem é igual pra todos. Peruanos pagam mixaria. Nem vou falar o valor pra vc não ficar puto.

A opção 2 (desde Ollantaytambo) é interessante. Vir de Cusco até aqui de carro/moto deve ser legal. Hotel aqui tem de todos os gostos e bolsos. Também tem van de Cusco para cá que custa em torno de 20 soles, baratinho. Vem de bicicleta, jegue, o que quiser. Chegando aqui vai na estação de trem e compra os bilhetes de trem, geralmente pro dia seguinte, pega o trem e vai até a vila Machu Picchu, depois é igual à opção 1. A vantagem de vir até aqui é que a passaem de trem aqui custa USD 57 cada trecho, bem mais barata do que a partir de Cusco (não sei o preço, mas vai até cento e poucos USD).

A opção 3 só descobri quando cheguei a Machu Picchu. O guia que pegamos disse que tem um esquema de vir de carro até uma hidrelétrica cujo nome não sei, deixar o carango lá, vir a pé no meio do mato por uma trilha de quase 2h até a parte baixa do parque, daí não sei bem se dá para pegar o bus ou tem que subir o barranco de uns 500m de altura no chinelo ou se tem alternativa. Me parece a forma mais econômica de vir até aqui. Mas não sei como chegar nessa tal hidrelétrica e depende do seu apetite para andar em trilha. Talvez alguém tenha mais info sobre essa opção.

A opção 4 é para solteiro que não corta cabelo nem faz barba e tem tempo e folga. É de longe a mais barata. Se de trem dá quase 1h40min de Ollantaytambo até Machu Picchu imagina fazer isso ida e volta andando no trilho? Bem, é uma aventura, sem dúvida. Há idade e bolso para isso.

Sem dúvida, qualquer que seja sua opção de transporte até a portaria de Machu Picchu, o conteúdo é igual. As histórias pelo caminho são diferentes, sempre.

Agora como foi lá dentro só conto para vocês no post de amanhã!

LUCIANA:

Acordei toda quentinha e recuperada da noite do terror!

Saí mais empacotada que nunca, nem me mexia direito mas estava bem protegida!

Tomamos um chá logo cedo, depois de lavar as panelinhas na água gelada do tanque. Foi ótimo para acordar!

Apesar dos 7°C da manhã, estava seco e com solzinho. E foi assim quase toda a viagem apesar dos sobes e desces, estávamos bem empacotados e não choveu nem 2% do que choveu no dia anterior!

Deu até um calorzinho umas horas mas eu tava amando!

Almoçamos só pra dizer que comemos alguma coisa porque a gente nem toca mais no arroz do prato aqui. Comprei bananas e comi elas pelo caminho. Uma até comi na garupa. Luís achou hilário! Quem me conhece sabe que sou macaca mesmo! Banana é vida! rsrs

A dica dos locais de pegar o caminho para Ollantaytambo foi ótima e apesar do caminho "bom" não ser tão bom, chegamos super bem!

Tá...o arrependimento do homi chegou ao ponto dele me dar a galocha de presente e pra mim foi triste ter que vestir aquela coisa horrorosa.
Me senti mais humilhada que a galera esperando o fretado pra Santos sob chuva! rsrsrs
Já tá sendo um martírio não poder se arrumar nem um pouquinho a mais nenhum diazinho, com galocha então!! O fim!
Mas foi para o meu bem e funcionou. Perdoado! rs

Instalados no hostel, banho tomado, tickets comprados, jantamos 2 mini pizzas bem recheadinhas e tomamos uma cervejinha local.
Só ficamos com preguiça quando lembramos que acordaríamos beeem cedo no dia seguinte, mas quem se importa quando é para conhecer Machu Picchu?! :)

Fotos e comentários abaixo:

De manhã, depois da noite difícil, no fundo da foto tem duas portinhas. A da esquerda é para n° 1 e a da direita para n° 2 hehheheeh

Único vestígio do nome da cidade. Um pequeno povoado a 104km depois de Puquío, não achei no google maps nem no here.com Só da pra ver as casinhas e o trajeto da rodovia, que tenho na memória, nada mais.

Depois de alguns km, a descida para o vale

Parece a subidinha da serra branca na serra da canastra ne?



Depois descemos e andamos por todo esse vale, de 3,5 mil de altura até uns 2,3 mil. Bela descida com curvas e mais curvas

Almoçamos truta frita aí ó

Um parênteses... as propaganda dos lava-jatos aqui no Peru são as mais irreverentes. Curte só.

Duvido que é essa moça com essa roupa que vai lavar meu carro

Essa outra é especializada em lavar Amarok.... hummmm

Mais duas trabalhadoras. Cadê elas que não vi no recinto???

Depois subimos esse morro aí na frente e entramos no meio dessas nuvens. Não via nada com a neblina no rosto.

Mas andamos bastante e depois descemos e o tempo abriu

Pontes pintadas de tinta para não enferrujar, todas são desta cor. hehehehe

Resquício de chuva na lente da câmera

Acima das nuvens



No caminho de Anta para Ollantaytambo passamos pelo trem de Cusco / Machu Picchu

E pegamos um sol batendo nas montanhas que deu um visual bem legal

Yo y la moto

La moto y las montañas

Ist e a pizza de noite

Divertidamente no frio

Foi aqui que ficamos nessas noites em Ollantaytambo. Excelente custo x benefício

2 comentários:

  1. Conclusao do post do 37o dia:
    Vou para o Peru trabalhar de lavador de carros !! heheheh

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