domingo, 27 de setembro de 2015

Serra da Canastra, off road, camping e diversão

A nascente do Rio São Francisco, que atravessa o Brasil desde o sul de Minas Gerais até Pernambuco, fica dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra.

A 400km da capital de SP fica Passos/MG, nosso ponto de encontro e base para a chegada dos perdidos que vieram de Sorocaba, Araçoiaba da Serra, São Paulo e Brasília.

Alguns ficaram em hotéis mais baratos, outros com esposas e crianças optaram por gastar um pouco mais e não ouvir a viagem inteira que a criança ou a patroa estavam com dor nas costas... hehehe

E assim acordamos cedo num sábado, procuramos o açougue que já conhecemos, mas nunca encontramos de primeira, compramos um pouco de carne, carvão e gelo. Isso tudo vai na caçamba das 2 VW Amarok que carregam as mulheres e crianças.

Sim, elas também fazem parte da viagem, passeiam e aproveitam conosco.

Partimos por volta de 09.40h rumo a São João Batista do Glógia/MG, onde realmente começa o off road. A estrada de terra levanta poeira, muito mais do que normalmente. Esconde buracos que geralmente não atrapalham a condução...

Até que sem ver nada, me acontece algo que não consegui entender na hora...achei que tivesse batido contra um carro ou um animal, não imaginava que fossem 3 buracos em série:


Simplesmente caiu a frente, a suspensão dianteira cuspiu os retentores, vazou quase todo o óleo. Guidão torto, radiador torto, ventoinha presa... mais de meia hora para fazer o resto da Super Ténéré voltar a funcionar.

Mesmo com a roda dianteira torta e sem a frente da moto, segui viagem.

O óleo que vazou da suspensão fez o freio dianteiro quase não funcionar mais. A cada curva ou descida era uma emoção quase que incontrolável hehehe.

Mas deu certo, chegamos ao sítio Mata do Engenho e fomos até a Cachoeira Maria Augusta. A travessia do rio é sempre uma diversão a parte.

Depois de um banho refrescante, voltamos ao sítio para almoçar. De barriga cheia, notei que a placa da moto não estava alinhada com a roda traseira.

Bem, isso não era nada além do chassi traseiro torro.







Dava para continuar a viagem. A gambiarra de prender o painel eletrônico no guidão com "enforca gato" deu certo.

Seguimos por caminhos empoeirados até a Serra Branca. Subi-la com moto grande é sempre uma aventura que assusta os novatos, faz os mais experientes lembrarem que aquilo não é como "ir até a padaria".

Mas chegar lá em cima e pegar aquela vista com o fim de tarde se anunciando é uma experiência e tanto. Um ótimo lugar para tomar uma água, descansar, e perceber que se algo der errado você está ferrado, pois a última barrinha do sinal do celular sumiu muito, muito atrás...

Logo após a subida da Serra Branca há uma chapada a caminho do Morro do Carvão que acho ser um dos pontos que mais gosto de andar em terra. Tem cascalho, terra, chão batido, um pouco de tudo. Isso nos leva até o morro dos jipes, lugar de subida necessária para contemplar o quanto a gente não tem o que fazer e fica subindo em montanhas de terra que se cair dali...hum...vai dar trabalho consertar.

Mas a vista e o desafio valem a pena.

Seguimos viagem e chegamos à casa do Edmar e da Simone, na "igrejinha" ou que eles chamam de "Mirante da Natureza". Nome perfeito.

Acampar ali é algo que eu creio precisar fazer ao menos a cada 3 meses. Não tem bicho papão, não tem animais que te comem, não cai raio na sua cabeça, nada que cause sua morte hehehe

Sem brincadeiras, é um lugar de paz e descanso para nós que viemos da selva de concreto.

Esse foi o primeiro dia.




terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Yamaha XT 1200 Z Super Ténéré, a moto da viagem

Para definir o comportamento da moto na viagem em uma palavra, escolho a seguinte: brilhante.

Não pela cor, mas pelo desempenho como um todo.

Não gosto de marcas, não tenho amor a bens materiais, tampouco a pedaços de metais, plástico e borracha que custam no Brasil quase que o dobro em relação a outros países, mas a Téréré 1200 funcionou que foi uma beleza.

Foram 45 dias de viagem por terrenos duros, duros de verdade, cheia de bagagem e com uma pilotagem nada coxinha.

Se você acompanhou o blog ou pode dar uma olhada de vez em quando provavelmente pode ver que andamos bastante em terra, lama, areia... e nesses trechos não foi nada fácil.

Peso 100kg, a garupa mais uns 60 (nunca sei quanto ela pesa...), leve os baús laterais originais da Yamaha e na base onde vai o bauleto traseiro levei uma barraca de 3 lugares, 2 colchões com saco de dormir (sleepin' bed da decathon) e .... tinha mais alguma coisa... ah, na ida tinha duas champanhes e meu tênis, e na volta veio com roupa suja e comida.

Rapaz, tava pesado viu. Se você não está acostumado não faz isso não. Como eu sempre ando com a garupa pesada não sofro tanto, já acostumei. E acostumei fazendo off road na Serra da Canastra. O terreno parece bastante com a terra que pegamos na Bolívia e no Peru!!!

Bem, veja aqui o que a moto tem de diferente de uma original e alguns aspectos dela:
  • É uma XT 1200 ano 2011, que saiu do Brasil fazendo 70.000km;
  • Manutenções feitas em concessionária até o fim da garantia e depois em oficina de grande confiança e que mexe com muitas big;
  • Pneu Mitas E-07 na frente e atrás. O dianteiro tinha 9 mil rodados quando sai do Brasil. O traseiro era zero, tinha menos de 1 semana;
  • Protetor de motor (o de baixo) em alumínio original da Yamaha, amassado que só ele...
  • Protetor de motor da Motopoint RC, aquele lateral para evitar destruição quando a bixona tomba;
  • Alargador do pezinho que eu mesmo fiz em casa, para ela não afundar na terra/areia/lama (http://youtu.be/GGL_yiYjhrM)
  • GPS Garmin Nuvi 1450 (eu acho), é um de carro normal que fiz um suporte pra caber na moto, suporte caseiro... não molha porque a bolha protege;
  • Manoplas aquecidas Daytona (http://www.off-the-road.de/ ou http://daytona-global.com/products/?page=Products_SubCategs&mfrID=9&categID=13)
  • Baús laterais originais da Yamaha (saiu caro viu....);
  • Farol de milha xenon, xing ling no último...do mais vagabundinho;
  • Pedaleiras off road da marca... Pivot Pegz (www.pivotpegz.net)
  • Botão on/off para o ABS, também da www.off-the-road.de
Hum...que mais? Acho que só de acessórios.

O QUE DEU ERRADO

Nada.

Só precisa regular a suspensão certinho e vai embora.

Agora, o foda é regular a suspensão para diversos terrenos e toda aquela bagagem. Nunca fiz curso disso e aprendi na tentativa e erro.

A Ténéré 1200 tem 3 regulagens da suspensão dianteira e 2 regulagens na traseira.

Começando pela frente, vamos lá...

A frente tem 3 parafusos possíveis de regulagem. Todos são na bengala, a suspensão dianteira. Na parte de baixo da bengala, próximo ao parafuso da roda, há um parafuso vermelho para aperto/soltar. Esse regula a força de "empurrar" a suspensão para fora, de esticar ela.

No topo da bengala há um parafuso semelhante, de cabeça vermelha também, esse regula a força de "engolir" a suspensão.

Quanto mais apertados, mais difícil e lento vai ser para a moto "engolir" a suspensão e também para "cuspir" ela para fora novamente.

O que eu fiz?

Bem, com moto pesada, para não trepidar muito, o parafuso de cima, que regula a força/resistência na hora de "engolir" a suspensão, deixei macio, mole, abri bastante, soltei esse parafuso. Soltei 90 ou 95%.

O de cima é este aqui em cinza com o número 1 e a setinha:




Já o de baixo, ficou apertado, tipo 80% do total.

O de baixo é esse aqui:


Leia no manual que ele traz a quantidade de "clicks" que cada parafuso faz. Está nas páginas 3-28 e 3-29 do manual em português de Portugal.

E o terceiro parafuso, aliás, uma porca, aquela que não temos chave para apertar (é sextavada), que fica na cabeça de cima da bengala, presa junto à mesa, é o ajuste do peso, da carga sobre a mola.

É esse aqui...não é um parafuso, é tipo uma porca:



Isso você só tira do standard se você for muito levinho ou muito gordinho. Pois se for muuuuito gordo, talvez quando frear a dianteira e pegar algum solavanco forte pode tomar um final de curso. Isso nunca, absolutamente nunca aconteceu comigo. Nem com garupa e todo o peso, mesmo concentrando todo o peso de frenagem na frente, jamais tomei final de curso na dianteira.

Apertar ou soltar a carga da mola dianteira pode até deixar mais mole a suspensão e baixar um pouco a dianteira se soltarmos ela, mas não vi a necessidade. Vou tentar ajustar para mais mole um dia e ver como ela se comporta no off road, mas receio de ficar muito pesada, afundada sabe?

Bem, na traseira... ali não tem segredo. São 2 parafusos.

Um é aquela baita peça para regular, preta, que fica virada para fora. Ali apertamos quando estamos com muita carga e soltamos quando estamos leve. Ficou apertada 90/95% todo o tempo, pois estava sempre carregado. Só em Arequipa e outra cidade que andei sem bagagem eu deixei mais mole, pois não tem necessidade de deixar a mola tão apertada.

Compressão é esta aqui:



Fora isso tem um parafuso embaixo do amortecedor traseiro, fica na lateral, num lugar que geralmente tá bem sujo. Depois de lavar a moto, inclusive aquele lugar, veja nas peças que seguram o amortecedor traseiro que há uma cabeça de parafuso com duas flechas e duas letras (H e S), hard e soft. Para um lado aperta (hard) e para outro solta (soft).

Isso tem o mesmo efeito da suspensão dianteira, regula a resistência de "engolir" a suspensão traseira. Então quanto mais apertado, mais resistente vai ser para a moto engolir a traseira. Se for mais mole, ela engole mais fácil.

É esse ajuste aqui:


Para o lado (a) aperta, para o (b) solta.

A diferença entre apertar e soltar esse ajuste é que se estiver muito solto a moto fica totalmente boba na estrada em pequenas ondulações, pois fica engolindo e cuspindo a suspensão a todo tempo, com qualquer solavanco bobinho, deixando a pilotagem horrível. Se apertar demais ela fira muito dura e não copia os buracos e daí você fica tomando porrada quando passar em buraco, fica vibrando, saltitante...

Na traseira, o ajuste de recuo (engolir a suspensão), deixei 80% duro.

CALIBRAGEM DOS PNEUS

Bem, cada pneu tem uma calibragem diferente e ela deve ser adaptada conforme o piso.

Asfalto lisinho sem buraco, pode colocar o que o fabricante recomenda, conforme a carga. A nossa vai até 42 na traseira eu acho.

Coloquei 39, pois o Mitas E-07 tem muitos cravos e se deixar duro racha todo, além de não fazer muita tração.

Na dianteira deixei sempre macio, não mais de 27-30. Porém, o foda é saber quando tá assim, nessa pressão, pois na Bolívia inteira e em boa parte do Peru não encontrei calibrador que indica a pressão. O jeito foi encher e sentir no dedo mesmo.

Aí bixo, só tentativa e erro. Enche e sai...se estiver vibrando e pulando a dianteira, baixa um pouco. Mas não demais, pois se passar em buraco ou vc ganha um dente na roda ou rasga o pneu.

O QUE FOI ESTRANHO:

Antes de viajar eu troquei o óleo da suspensão dianteira. Coloquei um óleo mais grosso, não lembro qual agora. Tem que ver com o mecânico.

Antes mesmo de sair de viagem vazou um pouco de óleo da suspensão, só do lado direito. Depois parou. Achei que fosse o retentor, mas não era, pois parou e ficou perfeito.

Durante a viagem também vazou um pouco depois de andar uns 10 mil. A moto estava com 80mil naquela hora. Achei que o retentor da bengala estivesse ido para o beleléu, mas também parou de vazar. Vazou pouco. O suficiente para sujar aquela região toda, mas sem comprometer a pilotagem tampouco a capacidade de amortecimento.

Não senti diferença alguma por conta do vazamento. E curioso que vazou logo depois que enchi o pneu. Como não dava para saber se estava muito duro, pois quem encheu foi um borracheiro, provavelmente o cara encheu demais. Então parei no fim do dia e murchei um pouco. Resultado: parou de vazar.

Falei com um mecânico que entende bem aqui em SP e ele disse que há 3 coisas que podem fazer vazar:

- mudança na pressão dos pneus;
- mudança na regulagem da suspensão (duro/mole);
- estrago do retentor...daí já era.

Como baixar a pressão já resolveu, acho que o problema foi esse. Se fosse retentor não chegaria a SP pelo que me disseram sobre estouro de retentor.

A moto passou dos 85 mil agora, então tá na hora de ajustar isso.

Ah, esqueci de falar, os faróis de milha xing ling.... um deles caiu no meio dos Andes nas estradas de terra com muita vibração! hehehehe só percebi quando cheguei em uma cidade para abastecer e vi um fio esticado lá heheheh

Bem, como custou baratinho, o preju foi pouco. Vou comprar um bom agora, quem sabe da PIAA (http://www.piaa.com/store/p/414-Yamaha-Tenere-LP530-LED-Driving-Light-Kit.aspx)

Fora isso... o pneu dianteiro que já saiu do Brasil meia vida (tava com 9 mil rodados) acabou no meio da viagem, aliás, já entrando no Brasil. Na última descida dos Andes sentido amazônia peruana o bixo acabou, ficou liso. Então comprei um Metzeler Tourance original na Yamaha em Cacoal/RO. Um achado...uma história a parte. Veja no relato do dia.

Só ajuste o farol para não atrapalhar a galera de noite, pois com todo esse peso o facho do farol vai lá nas árvores. Tem uma regulagem meio chata de fazer, mas vc consegue encontrar no manual, certeza.

NAS ALTURAS

Nas alturas a moto perde força. Mas acho que não é só ela. Com menos oxigênio acima de 3.500m ela começa a ficar mais fraca. A 4.500m fica xoxa. Nada a fazer. Só anda e saiba que agora você está com uma 600/800cc no máximo. Fica lenta mesmo...ainda mais nas subida que vc precisa ultrapassar caminhão.

É isso aí amigo, a Super Ténéré que andou conosco foi uma ano 2011/2012. Sensacional. Um motão.

Não há absolutamente nada a reclamar dela. Tá com 85 mil e pedindo para ir para a África de navio em container agora, louquinha pra passear do outro lado do Atlântico conosco.

É a moto certa para uma viagem dessas, pois tem Yamaha por toda a América do Sul para encontrar óleo, peças de reposição em caso de emergência, etc... vai com uma BMW ou Triumph e quebra ela na Bolívia pra você ver o que te acontece!!! heheheh, com certeza você vai perceber que "fodeu".

Sem apelo emocional à marca, ela está disponível nas maioria das cidades, tanto ou até mais que a Honda.

Um abraço e sintam-se à vontade para postar perguntas e pedir mais fotos.

Até breve!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Documentação para viagem de moto - Bolívia, Peru e Equador

Se você que está lendo este texto pretende viajar por esses países, saiba que nas vésperas do Natal de 2014 entramos na Bolívia, depois seguimos para o Peru e então para Equador. Depois voltamos ao Peru e entramos no Brasil pelo Acre.

E neste post tento resumir os principais pontos relacionados à documentação para facilitar sua viagem.

O relato é absolutamente realista e atualizado (se vc ler isso em 2015...), pois voltamos ao Brasil em meados de janeiro/2015.

Bem, vamos separar em partes:

DOCUMENTAÇÃO DA MOTO E CONDUTOR

Olha, essa acho que é a parte mais fácil.
O documento brasileiro de licenciamento (CRLV), aquele que não tem campo para assinar atrás, precisa ser levado para a viagem. Aquele verdinho....

Na Bolívia, nada de especial da moto foi pedido. Não há carta verde tampouco extensão de cobertura pelas seguradoras brasileiras para este país. Aqui é você e a moto. Cruza os dedos e segue...

O veículo (moto) precisa estar em nome do condutor que vai na moto. A minha moto estava no meu nome, sem financiamento/alienação fiduciária/leasing nem nada. Então foi tranquilo. Se estiver em nome de terceiro eu não sei como fazer e aparentemente deve ser burocrático pegar autorizações, passar por consulados, traduzir... fica em casa vai. Como não era nosso caso, foi tranquilo.

Quer dizer, mais ou menos tranquilo. Entrar na Bolívia foi burocrático. Há poucos funcionários no posto de imigração em Corumbá/MS, do lado boliviano, o que faz todo o trâmite levar horas, talvez mais de um dia, em época de festas. Fora isso deve ser mais tranquilo.

Primeiro você faz a imigração das pessoas pela imigração normal, tipo a polícia federal nossa. Guarda todos os papeizinhos que te derem, em especial os que tiverem carimbos. O povo gosta de carimbo aqui.

Depois tem que fazer a admissão temporária da moto na aduana boliviana. Basta levar o seu passaporte com a documentação de entrada e cópia dos documentos do veículo e da sua carteira de habilitação. Recomendo levar permissão internacional para dirigir. Se vc for de SP o Detran emite pela internet e chega na sua casa eu acho. É bem simples e rápido. Ela tem essa cara aqui...




Na fronteira da para tirar cópia de todos os documentos. Mas se puder, já leve do Brasil e evite pagar R$ 1 por página de cópia. Nos extorquem ao máximo nas fronteiras...

Não foi pedido nenhum tipo de seguro adicional nem nada para a Bolívia.

Tanto a imigração quanto a admissão do veículo pela aduana são feitas no mesmo local, um prédio perto do outro na fronteira.

Depois... tem que fazer uma "ordem de traslado", tipo uma autorização para você conduzir o veículo aqui no país. Regra deles. E isso só é feito no povoado de "Puerto Soarez", que fica a uns 10km da fronteira. Você simplesmente faz os dois primeiros passos e depois dirige até lá. Não tem horário, já que a polícia trabalha 24h. Mas evite chegar fora do horário comercial, pois há menos funcionários/policiais.

Nessa parte devo dizer a vocês como eu procedi. Sempre estudo bem o que fazer antes de sair do país e quanto estou fora dou uma de "João Sem Braço" e pergunto para 3 ou 4 pessoas a mesma coisa, para ver se realmente é aquilo.

Pergunto na aduana, pergunto na polícia, pergunto na imigração, para brasileiros, para estrangeiros, para vendedores....tudo, para confirmar as situações.

Isso te leva a minimizar erros por acreditar em um que te deu uma instrução errada e também a se atualizar sobre aquilo que leu em seu país antes de sair de viagem. Às vezes os procedimentos mudam e você é pego no pulo.

Mas o que mais me serviu essa de "armless john" foi descobrir uma propina que era cobrada e que todos acreditavam que era um imposto.

Depois da imigração (passaporte) e admissão da moto pela aduana boliviana é necessário obter essa "ordem de traslado" na polícia local. Bem, na fila da imigração e da aduana diversos brasileiros chegavam e conversavam conosco, explicavam os trâmites, falavam que ficaram hora, explicavam onde pegar as senhas e como tirar cópias, carimbos, etc... e todos falavam que precisava pagar 50 bolivianos por essa tal ordem de traslado.

Ao chegar minha vez na aduana, perguntei à mocinha que preenchia o formulário como seria o resto do procedimento para estar legalizado no país. Ela disse que eu devia apresentar os documentos da moto, para ela preencher lá, depois um carinha iria verificar o chassi da moto e ver se bate, etc... e depois ela me liberava um documento para eu levar comigo durante a travessia do país.

Então perguntei... e "onde paga a taxa de 50 bolivianos para a ordem de traslado? É aqui?"

É obvio que eu sabia que não era ali, e sim na polícia, como todos disseram. Mas resolvi dar uma de armless john e ver no que dava.

Me surpreendi!

Ela disse que não tem que pagar taxa de 50 bolivianos (aprox. 15-20 reais). Mas como assim?

Ela disse que não tem previsão cobrar isso, que a polícia não devia cobrar e eu não precisava pagar.

Bem, entendi muito bem então. É extorsão, propina.

Falar espanhol, aliás, o idioma local dos países que você visita é essencial. Ao menos poucas palavras. Se não souber nada, compra um dicionário de bolso e treina por uma ou duas horas, não custa nada e te ajuda muito.

Pois bem, peguei a papelada dela e fui até a polícia fazer o tal papel que não precisava pagar, mas que seria cobrado.

Foda quando a polícia te extorque, vc vai reclamar pra quem? Exército? Até tava ali na fronteira, mas seria complicado...os guardas tem 15 anos de idade, talvez só o chefe deles deve ter uns 20. E o policial mais de 30. Difícil conciliar.

Então na polícia fiz a documentação, apresentei tudo etc....perfeito. O cara fez esse documento aqui:


Eu sei, é muito carimbo pra pouco papel.

O fdp do policial fez o documento, assinou, levou pro chefe vistar e na hora de me entregar falou: "son 50 bolivianos".

Como eu sou joão sem braço, falei...."mas eu sou brasileiro e parece que brasileiro não precisa pagar", olhando bem fixamente nos olhos dele.

Quando alguém te pedir propina, olhe nos olhos da pessoa. Bem no fundo...e persiga o olhar da pessoa com seus olhos. Você vai ver a reação. Não seja frouxo...olhe fixamente e enrole a pessoa olhando nos olhos.

Então o cara meio que "quebrou as penas". Não sabia o que fazer. Até aquela hora todo brasileiro idiota pagava os 50 bolivianos mendigados e não reclamava. Porque esse mané de moto iria se negar a pagar?

Bem, eu disse que parece que brasileiro não pagava...dando a entender claramente que eu não ia pagar, pois o meu olhar dizia isso. Ele então pegou meu passaporte e queria ver se eu era nascido no brasil ou brasileiro nato. Mostrei e ele ficou com cara de cú.

Pegou meus papéis, guardou numa gaveta e entrou na sala do chefe dele que estava fazendo a mesma ordem de traslado para outros 2 brasileiros que estavam de carro com a família (estava com eles na fila da aduana).

Ficou, enrolou...

Então ele voltou e eu disse que queria meus documentos, pois precisava seguir viagem, e ele falou que tinha que pagar. Então eu falei: "me da a boleta", como o recibo. Como propina não tem recibo (na bolívia, porque no Brasil tem....rs), o cara não tinha o que me dar e alegou que o banco estava fechado aquela hora. Eu disse que não tava com pressa e esperaria até amanhã.

Como o negócio não ia desenrolar, abri o jogo e disse que quem tinha me dito isso era a chefe da aduana, de que não precisava pagar. Dei de joão sem braço outra vez, pois não foi a chefe da aduana, foi a mocinha que preenchia papel lá. Mas ta valendo...

Ele pegou o celular e tentou ligar na aduana e não atendia. Aí fiquei no pé dele e ele voltou outra vez para a sala do chefe dele.

No quadro na frente da sala do chefe dele tinha um cartaz com o nome de todos os policiais superiores daquela região. Fiquei olhando para aquele quadro esperando o policial corrupto voltar e tentar me enrolar outra vez... e pensando... se esse fdp não me der os documentos eu vou pegar um telefone e ligar para todos esses superiores, ir ao Exército, procurar o jornal e a tv regional...fazer o inferno para esse cara, mas não pago os 50 bolivianos.

Bem, então ele saiu da sala, pegou os documentos e me entregou, sem reclamar nada.

Quando me entregou, apertei sua mão, firmemente, olhando nos olhos e dizendo obrigado. Ele queria soltar minha mão e eu continuei segurando...olhando para os olhos, apertando mais forte, dizendo obrigado...muito obrigado, bem no fundo dos olhos do fdp.

Ele vai lembrar de mim.

E eu não paguei propina.

Saiba subjugar as pessoas, especialmente policiais bolivianos corruptos, mas na hora certa. São pessoas humildes e psicologicamente fracas. Não se imponha ou vc se ferra, mas vai quebrando o cara devagar...olhando nos olhos, que dá a entender melhor que palavras.

Bem, no fim das contas perdi uns 10 minutos, mas deu certo.

Recapitulando, para entrar o veículo na bolívia foi tranquilo, só o CRLV e a carteira de habilitação internacional servem. De resto, use passaporte, nada de ficar ando de um país para o outro com RG. Você não fica com nenhum documento da data de entrada e saída do país depois que sai dele. E no passaporte fica tudo registrado.

Depois para sair da Bolívia precisei apresentar os documentos que recebi na entrada do país. O cara ficou com o documento da aduana e a vida segue.

Já no Peru a coisa foi praticamente idêntica, com a diferença de que não vi ninguém corrupto, mas por outro lado tem um seguro contra terceiros que é obrigatório. Como na fronteira não tinha ninguém que fazia, segui viagem e na primeira cidade devia fazer o tal seguro, que se chama SOAT.

Nada feito...do SOAT. O resto tudo ok, passaporte carimbado, admissão aduaneira da moto, cópias e documentos iguais quase...tudo beleza. Aliás, o carinha da aduana tirou as cópias, eu nem precisei copiar nada.

Menos burocrático, mais rápido. O tal SOAT é um caso a parte, pois é pra ser barato, mas te enfiam a faca na fronteira. Então se vc puder, compra antes de sair do Brasil ou procura uma cidade grande no caminho para comprar. Eu tentei e como era sábado em Arequipa estava quase tudo fechado, as revendas de seguradoras não sabiam vender para estrangeiro nem por menos de 360 dias. Então não comprei. Por sorte os guardas não me pararam, pois poderia apreender a moto.

Depois na volta, quando entre do Equador para o Peru, na fronteira tinha um revendedor de seguro. Tive que comprar, custou USD 30. O cara fez na hora e cobrou um preço absurdo. Vi em blogs que para um mês sai bem mais barato que isso.

Se puder pesquisar, procure "la positiva" e "pacífico" e também a "mapfre" do Peru, pois elas são seguradoras que faze SOAT. Talvez dê para fazer pela internet. Mas não achei como...

Para entrar no Equador é mais tranquilo ainda. É parecido com os outros. Primeiro imigração, passaportes, depois aduana. O cara tirou foto do nº do motor da moto e tudo. Pediu cópias dos documentos (CRLV, Permissão Internacional para Dirigir, Passaporte, selos de entrada no passaporte, "tarjeta andina", que é um documento de admissão que vc pega na imigração) e beleza... veículos também precisam de SOAT, mas ele nem cobrou nem deu instrução sobre isso.

Talvez seja necessário para moto também e eu vi que tem um tal SOAT Internacional, vi isso em um adesivo de uma moto do Equador andando no Peru. Pode ser que vendam para nós! hehehe

Resumindo, do que vc precisa:

  1. CRLV da moto no seu nome, licenciada bonitinha, nada de documento atrasado;
  2. Passaporte com imigração feita;
  3. Permissão Internacional para Digigir;
  4. Cópia de tudo isso;
  5. SOAT, se encontrar onde fazer...
E um bom mapa ou GPS é claro...vai ser perder lá nego!

Aprenda a se orientar pelo sol, não vou dizer que é super fácil e que todo idiota sabe, pois muitos não sabem. Quando você acordar, bem cedo, veja onde nasce o sol. Aponte seu braço direito para esse lugar. Na frente do seu rosto vai estar o norte, na mão esquerda o leste e nas costas o sul.

Parece instrução para achar o pé, mas tem muita gente que não sabe e se confunde. De tarde é o contrário, pois o sol se põe no oeste.

Não faz isso meio dia, pois o sol ta sob sua cabeça. Se não entendeu nada, volta pra aula de geografia de 1º grau!

E boa sorte na viagem! hehehehe

Lembre-se....direita leste, frente norte, esquerda oeste, atrás sul. kkkkk só de manhã!

Certificado internacional de vacinação contra febre amarela: peso na bagagem, ninguém pediu em nenhum país visitado (Bolívia, Peru e Equador).


domingo, 1 de fevereiro de 2015

45° dia: de Uberaba para casa (São Paulo)

LUÍS:


Andamos 15.123 km em 45 dias, por 4 países na América do Sul.

Saímos de casa em 19 de Dezembro de 2014, por volta das 17h, e só retornamos no dia 1º de Fevereiro de 2015, às 20h.

Somos outras pessoas agora. Tanto individualmente quanto como casal. Viajar 45 dias juntos, lado a lado 24h, e muitas vezes bem grudados nas noites mais geladas, é um teste de resistência! Em vários sentidos.

Hoje o dia foi de comemoração, de rever familiares e relaxar. De Uberaba/MG a São Paulo passando por Jaboticabal/SP são 570 km, ou seja, "um pulinho" para quem tinha andado 14.500km nos últimos 44 dias.

Acordamos tarde e no café da manhã não havia o tão esperado pão de queijo. Sim, um absurdo, como não ter pão de queijo em um hotel em Minas Gerais? Isso devia ser lei lá!!!

Ist pagando a conta no hotel em Uberaba

Bem, seguimos viagem pela MG-050, que se torna a rodovia Anhanguera em SP.

Rapidinho cruzamos a fronteira entre os estados de MG e SP, quando a gasolina caiu de preço, de 3,27 em MG para 2,87 em SP. Que diferença...


Faltavam só 395km ali na foto abaixo... rapidinho!


Então nossa rota desviou para Jaboticabal/SP, cidade que visito desde criança já, lugar em que meus tios mais próximos decidiram morar e criar suas 3 filhas.


Na noite anterior havíamos ligado para eles, avisando que no dia seguinte poderíamos almoçar junto. E assim, foi.

Na verdade o que queríamos lá era entregar uma lembrança para minha tia, que trouxemos de Galápagos.

Era uma caneca, de galápagos. Pode não parecer grande coisa, mas tem um grande valor para quem gosta e recebe! Sem falar que isso foi trazido na nossa garupa, aliás, cuidadosamente guardada no camelbak (mochilinha) da Luciana. Essa minha tia tem dezenas e dezenas de canecas de todos os lugares que ela visitou, muitos deles na Europa. Então essa de Galápagos é a de um dos pontos mais extremos da coleção toda.


Como ninguém é de ferro e fazia muito calor, uma cervejinha caiu bem.

O Sansão e o Júnior estavam lá para bagunçar.

Júnior

Sansão
Almoçamos muito bem, com direito a picolés locais e um café colombiano!

As primas

Os tios
Barriga cheia, pegamos estrada a caminho de casa.

Mas antes, uma parada para tomar uma iguaria!

Caldo de cana de beira de estrada. Com limão. Quer coisa melhor no calor? Melhor que cerveja...

E depois começa o show do por do sol...


Lembra do nome do blog, Ist, moto e paraglider. Ta na hora de paraglider...

Olha os dentinhos da Ist sorrindo dentro do capacete!



E a responsável por nos levar por esses 15 mil km pela América do Sul, a Super Ténéré 1200.

A sujeira na traseira (placa e baú) foi o óleo que vazou da bagagem. Óleo de cozinha...rs

Ta sujinha embaixo...

E a Ist finalmente comeu o pão de queijo que tanto queria

Parada para a foto

Falando bobeira na hora da foto...

Falando bobeira parte 2

15.123 km
 Odômetro ou GPS?

Odômetro, sem dúvida. Pois o GPS se perdeu um pouco nos Andes, em especial no Parque Huascarán no Peru. Os vales eram muito profundos e o GPS não tinha sinal. Por vários minutos quase 1h não conseguiu marcar a rota. Então não calculou a KM. Por isso ficou menor do que o odômetro da moto.



Para comemorar, um vinho especial.... os champagnes acabaram!

Como tudo é especial, em dia de comemoração o vinho não pode ser qualquer um. Esse é um Brunello di Montancino, do ano 2005. Sim, ele esteve por 10 anos nesta garrafa esperando para que a gente abrisse ele hoje. 10 anos... o que eu fiz em 2005?
Bem, estava me formando na primeira faculdade!

Como não tem nada na dispensa, o jeito foi pedir pizza. Daquelas!
Interessante chegar em casa. Não sabia qual dos registros do chuveiro era o quente! kkkkk, Quase errei o andar. 9° andar Luís... 9°!

E o fato curioso foi ver a correspondência e notar uma multa para a minha outra moto. O gasparzinho andou nela enquanto eu estava no Peru, dia 2 de janeiro. Bem, acho fácil escapar desta... hehehe bastam os selos do passaporte. Nada que um advogado não resolva. Ainda mais agora, que a multa de ultrapassar na contramão está bem cara! Dá pra acreditar?

DESTINO GALÁPAGOS! Que viagem, uma viagem de muitos destinos. Galápagos foi apenas um dos pontos altos. Vamos recapitular os pontos altos desta viagem, pela ordem:

1. Passeio de bote em Bonito/MS

2. Aventura entre Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba, por "La Sibéria" no meio dos Andes

3. Três dias de off road, entre montanhas altas de 4.500m e vales profundos, com direito a travessia de rio com água até o joelho e correnteza forte, entre Cochabamba e Coroico, além do camping a 3.500m de altitude

4. A Estrada da Morte, entre Coroico e La Paz

5. A volta na península sul do Lago Titicaca, do lado boliviano

6. Reveillon em Copacabana! Às margens do lago Titicaca, a 3.800m de altitude

7. Visitar as Ilhas de Uros

8. Passar pelos lagos no dia de muito off road entre Puno e Arequipa

9. Turismo por Arequipa

10. Andar de moto pela costa do Pacífico

11. Fazer um voo de avião sobre Nasca, uma cidade com as linhas mais incríveis e famosas do mundo!

12. Norte do Peru, Punta Sal e off road nas areias

13. Cruzar o Equador até Guayaquil

14. Galápagos: nossa, quantas lembranças, quantos animais, paisagens, ilhas linhas, tartarugas gigantes.... mas a mais especial foi aquela com quem nadei!

15. Volta pelo interior do Equador até a fronteira com o Peru

16. Deserto no norte do Peru, a caminho de Trujillo

17. Entre vales e montanhas, no Parque Huascarán, picos nevados, chuva, temperaturas baixas e as mais belas paisagens da viagem

18. Estradas bloqueadas depois do Parque Huascarán, o dia sem fim! Lembra que cruzamos uma ponte tipo pinguela de noite?

19. Cruzar o Peru do Pacífico até Machu Picchu, mais neve e temperaturas congelantes de 4°C com chuva e muito gelo na estrada, dormir num muquifo com porquinhos da índia andando pela cozinha de chão de terra batida

20. Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas, com o sol perfeito!

21. Dos Andes para a Amazônia, meio aos picos nevados e à garotinha que correu atrás da moto no divisor de águas, de um lado Amazônia, do outro Pacífico. O cheetos que ficou com o garotinho a 4.743m de altitude

22. Visitar amigos no Acre!

23. Cruzar o Brasil do Acre a São Paulo meio ao inferno das estradas estatais, em especial as BR, com linhas paisagens e meio à maior produção agrícola do país!

24. Visitar família em Jaboticabal

25. Chegar em casa, com tudo inteiro, a viagem perfeita...

E a próxima, para onde será?

AFRICA!

Mas aguardem, amanhã volto a ser advogado e contador para pagar as contas e aproveitar mais e mais férias o quanto antes!



LUCIANA:

Uau! Último dia do retorno da viagem!
Parece mentira que andamos 15.123 km com a moto, levando para cada um 6 camisetas, 2 shorts, roupas de baixo, 2ª pele, meias, sabonete e xampú.

Hoje acordamos em Uberaba-MG. Dormimos mais que qualquer outro dia das férias. Saímos da cama às 9h do horário já ajustado, pois até Rondônia tínhamos 1h a mais e anteriormente a isso, 3 e 2h.
Tomamos um café muito gostoso, atualizamos o blog e saímos com destino a Jaboticabal-SP almoçar com a tia, tio e primas!
Como foi gostoso rever familiares depois de tanto tempo fora!!!
A tia, como sempre, nos mimou com um almoço delícia e picolés! Trouxemos uma caneca de Galápagos pra ela para a sua coleção. Ela veio na minha mochilinha desde lá, bem protegida para não quebrar.

Saímos de lá às 16h, com o almoço bem digerido, abastecemos e #partiuSP.
Trezentos e poucos quilometros não seriam nada pra nós. Nunca senti taaaanta tranquilidade em pensar que viajaríamos só até ali, SP.
O cara do posto deu risada quando falamos que era SÓ até São Paulo. Agora, pra mim, 1000km é SÓ! Juro! E olha que sempre sofri com lonjuras...rs

Paramos mais 1x na rodovia para abastecer. A gasosa não tava rendendo por N fatores. E como a gasosa tá cara! Tanta gente reclamando que tô vendo que R$3,10 tá até barato! uix!

Além de abastecer, comprei o pão de queijo que tanto queria e uma coxinha que veio bem quentinha e superou o pão de queijo! Registramos esse momento!

E vim pensando nos últimos 166km que faltavam o quanto somos abençoados e privilegiados!
Agradeci por Deus nos capacitar a passar por tudo, todos os dias muito unidos e parceiros. Vencemos todos os desafios apesar de não ter tido nenhum grande problema.
Até quando podíamos nos perder tivemos a providência de informação.

Pra mim foram 45 dias de tratamento, de crescimento, de cura.
Ali na garupa quietinha, nos comunicando na maioria das vezes por sinais, quanto tempo pra selecionar pensamentos!
Quanta coisa vimos que nos fizeram refletir! Mas o mais legal foi viver 45 dias de grande cumplicidade!
"O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1 Coríntios 13:7)
Eu decidi todos os dias como agir em todas as situações que vivemos. Amar é uma decisão!

Bem, chegamos em casa e foi emocionante afinal, chegamos!!!
Abrir a porta de casa, acender a luz e entrar...nem lembrava mais do quanto o chão de casa era branquinho!!! hahahaha
E o espaço?! Nosso apto. não é gigante, tem 65~68 m2 mas pareceu gigante!
Quando fomos tomar banho nem lembrávamos mais de qual torneira saia a água aquecida, se esquerda ou direita! rs
Quanta roupa nos nossos guardas-roupas e eu sobrevivi sem dificuldades todos esses dias com 5% do que tenho!

Foi incrível!

Agradeço a Deus pela vida de todos que ficaram orando por nós, que nos acompanharam no blog e torceram para que tudo ocorresse bem do começo ao fim!

E obrigada, especialmente ao meu homi, ao amor da minha vida, por ter feito questão de me levar junto na realização de um sonho!!!

As coisas que trouxemos da viagem!:

Café de Galápagos! O bicho caro...

Artesanato das Ilhas de Uros

Calendário da Ilha de Uros, do povo da região

Colar de brinde!

Folhas de coca compradas na Bolívia para o mal da altitude que jamais me atingiu...

Vou então usar para fazer outra coisa....rs

Leite evaporado para tomar com chocolate no inverno! Dura até agosto heheheh ainda bem que o inverno começa em maio!
Até a próxima viagem!

44° dia: de Pedra Preta/MT a Uberaba/MG

LUÍS:

Hoje andamos por três estados: saímos de MT, atravessamos Goiás e chegamos a MG, passando por Uberlândia até Uberaba, no triângulo mineiro.

 
Eu já disse que gosto de aves né? Tucano, arara, etc.

E elas gostam de mim. Tem o dia todo para cruzar a estrada voando, mas elas gostam de fazer isso justamente quando eu to passando de moto embaixo, hehehe.

Ainda na Amazônia peruana antes de cruzar a fronteira disse para a Ist que o dia estava tão bom, que só faltava ver uma arara. Eu queria ver uma arara.

E não deu meia hora e apareceu um casal daquelas azul e vermelho cruzando a estrada.

Saindo do Acre mais um casal, aí azul e amarelo.

Depois uma vermelha/azul solitária e perto de um posto onde abasteci em RO passaram três juntas.

Hoje foram dois casais, um azul/vermelho e outro casal azul/amarelo.

Eu fico olhando elas passarem...tão
gostoso estar num lugar assim.

Amanhã quero ver tucanos, ao menos um pra fechar a viagem.

Já vi uns 16 tucanos na viagem de ida e na volta até agora foram só dois.

Bem, nosso dia foi composto de estrada,  PF de posto, sorvete e água.

Acordamos cedo e o café eram bem fraquinho. O melhor era a melancia.

A Ist louca pra comer um pão de queijo coitada.

Saimos umas 9 da manhã e fomos andando bem.

Cruzamos soja, soja, soja...

Bem colorido...


 
Saímos do MT e entramos em Goiás. Os caminhões faziam fila no posto fiscal. Era muito movimento.

Em Goiás pegamos excelentes estrada e a primeira de pista dupla até agora na volta. O dia fluiu bem. Paramos para comer num restaurante de posto em Goiás, perto de Jataí.

Andamos e passamos por Itumbiara, depois cruzamos para MG a caminho de Uberlândia. O objetivo era dormir lá.

Na estrada estava calor, podíamos ver no horizonte uma nuvem chovendo. Queríamos passar por lá! E passamos, o suficiente para refrescar os 40°C e cair para deliciosos 28°C. Capa de chuva? Nem sonhar, queríamos era água pra refrescar!

Mudei um pouco a rota planejada e ao invés de ir até Araxá pegar a MG-050 peguei a BR-153 e segui até perto de Uberlândia.

Mais um PF de posto na janta e seguimos, achando que íamos dormir em Uberlândia.

Uma bosta, o anel viário é pelo norte e dá a volta na cidade por lugares onde não tem hotel.

Seguimos então a caminho de Uberaba. 

No caminho achei um hotel no GPS, mas era hotel fazenda e tinha que pegar estrada de terra. De noite com relâmpagos no horizonte, nem a pau.

Às 9:24 da noite estava andando o Km 924 do dia. Hoje andamos 970km. Nem cansou tanto. As chuvinhas ajudaram, bem como a boa alimentação e é claro, os sorvetes!

Seguimos para Uberaba. Ao chegar, começou a pingar e paramos num hotel bacana por R$ 144, ar e garagem privada. Parece motel heheheh mas tem duas camas no quarto e duas portas, uma para a garagem e uma para a piscina.

Banho tomado, falei com meus tios que moram em Jaboticabal. Fica no caminho amanhã, vamos almoçar lá!
 
Fotos:



Nas "montanhas" do Mato Grosso




Que baba...tá pertinho de casa! Trevo em Rio Verde/GO, na saída para Itumbiara

 
LUCIANA:

Eu ainda quero um pão de queijo!