sábado, 27 de dezembro de 2014

8º dia: 26/dez/2014 de Santa Cruz de la Sierra a Cochabamba a 3.677m de altitude!

A VISÃO DELE: LUÍS

Eu não disse que hoje foi "do caralho"?
Desculpem a palavra, mas não encontrei outra melhor para transmitir a sensação de viajar por este caminho escolhido a dedo.

Olha por onde andamos:


Há basicamente três caminhos entre Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba. Um pelo norte, outro pelo sul, sendo 100% asfalto. E um pelo meio, que tem um trecho de terra. Veja na imagem do mapa oficial do país aqui abaixo.

Se olhar com calma, verá o trecho marrom (terra) entre Comarapa e Epizana. Essa foto acima foi tirada ali...bem ali no meio desse trecho.


O caminho foi sensacional. Durou umas 9h quase, mas valeu a pena. Vamos subindo, subindo...partimos de 440m em Santa Cruz, para uns 1.300 em Comarapa. Depois é uma subida só. Parece aquelas subidas de montanha russa hehehe. Fomos a 3.000m de altitude.

Quando paramos para almoçar em Comarapa a mulher do restaurante conversou conosco e disse que no caminho tinha um lugar que se chamava "la Sibéria", pois qualquer coisa começa a nevar quando a neblina é forte e o frio também. Mas nem podia ser diferente...vocês vão ver só.

Antes, vamos à saída de Sta Cruz.

Como gasolina é um bem precioso e escasso, comprei um galão para reserva. Queria de 5 litros, mas o menor era de 10 litros.



A loja tinha de tudo, até elástico pra amarrar o galão achei. Preço total, 30 bolivianos, equivalente a uns 12 reais.

Para comprar gasolina, foi aquele esquema de pegar o galão, ir a pé até o posto, encher...voltar.

Deu certo, paguei 38 bolivianos por 10 litros. Dá mais ou menos R$ 1,5 por litro.




Tanque cheio, seguimos viagem.

Aos poucos a estrada ia ficando mais estreita e com mais estragos, quedas de barreiras, etc.

A paisagem ia mudando e íamos subindo devagar. Chegamos a 2.000m de altura e nada. Pouco mais que Monte Verde/MG.

Paramos para almoçar num lugar que só descobri que de fato era restaurante quando vi uma pessoa com garfo dentro do estabelecimento.

A comida estava excepcional. A começar por uma sopa deliciosa. Mais simples impossível. Lugar de pessoas nada sofisticadas, mas que nos atendem muito bem e cozinham excelentemente.

Barriga cheia, tomamos um café, que aqui não é coado normalmente, mas batido. Misturam o pó na água e depois põe na xícara.


A entradinha eram uns milhos gigantes cozidos.


O legal foi o refri, suave como uma h2o.


O céu estava lindo.


Seguimos viagem. E aí a estrada mudou, tornou-se terra ao invés de asfalto, e começou a subida.

Era tudo o que eu queria. Se desse para por uma câmera dentro do capacete vocês veriam as fotos dos sorrisos ao ver as paisagens deslubrantes da subida.

1.600m, 1.800m, 2.000m...sobe... 2.500m, 3.000m... até agora nenhum mal da altitude.

Só as nuvens chegando perto da gente e encobrindo parte da paisagem.


Na subida, com a cidade onde almoçamos ao fundo.


Subindo...


No meio dos andes, a paisagem muda, apesar do verde continuar aqui, 2.600m ali na foto de baixo.


Já no vale, a ponte também tem uma bela paisagem.



De repente fechou tudo, ficou uma neblina total. Na verdade estávamos no meio da nuvem. Ficou tudo úmido e começou a molhar a jaqueta, embaçar a viseira...não via mais nada. Era praticamente uma garoa. Daí um farol queimou. Liguei o milha (xenon) para me verem no meio do nada.

A estrada de terra já era de barro, firme, mas de barro... estava uma delícia.

Anda, anda...não vê nada além de 5m adiante.

Chegamos a "la Sibéria", onde aproveitei para colocar os 10 litros que estavam no galão diretamente no tanque da moto. Gambiarra feita, vamos adiante.

Olha só a altitude do lugar.


Tem até hospital hehehe.


Parada para reabastecer.


Depois disso eu achei que ia começar a descer, pois Cochabamba fica a 2.500m de altitude. Que nada, subiu mais ainda. O tempo abriu e as paisagens ficaram mais lindas ainda.

Ao fim da terra paramos num vilarejo para comer. Tinha umas tias com umas carriolas e uns pães em cima, outra vendendo espetinho de sabe lá o que, um suco estranho...vamos provar!


O meu estômago de avestruz aceita quase tudo desses negócios locais diferentes.

O pão era uma empanada gigante assada recheada de queijo ou queijo + tomate + aji.

Aji? Aji o kct, nem a pau eu como isso. Fomos na de queijo.

O suco era de canela. Sim, de canela, acreditem. Uma delícia.

Enquanto comíamos a tia do meio tirava piolho da filha dela. De repente ela colocava a mão na boca. Tirava outro piolo, mão na boca, piolho, mão na boca.

Kct mano, ela comia os piolhos! Custamos a acreditar. Parece até os macaquinhos do national geographic tirando piolhos um dos outros. Daí a nossa origem...que nem todos aceitam hehehe.

Estômago forrado, seguimos viagem e tinha um posto neste vilarejo. Era em...Epizana. Esquema galão na mão, mais 10 litros de garantia. O trecho do dia era de 500km, mas na terra consome um pouco mais por conta do sobe e desce.

Ao invés de colocar a gasolina com uma garrafinha pet de funil, consegui uma mangueira na borracharia. Sabe no que deu? Bebi gasolina, kkkkkkk, a mangueira era muito curta e não tinha sensibilidade nem dava pra ver o combustível.

Que merda, fiquei arrotando gasolina das 17h até 23h da noite. Ainda bem que ali onde compramos a empanada comprei também um chiqulete, providencial.

Já no asfalto, era só plantação ao redor da rodovia. Pequenas áreas cultivadas de tudo o que podemos imaginar. E o mais cuioso é que eles plantam em um desnível absurdo. Tudo manual, pois trator não sobe barranco.



Continuamos a subir....até 3.677m quando chegamos ao topo daquele local. Em seguida, uma descida pra Cochabamba, que por sinal não chegava nunca.

No caminho parei numa loja de "repuestos" e comprei duas lâmpadas, pois as duas estavam queimadas. Vagabundinhas...era umas azuis que troquei a pouco tempo para combinarem com o xenon, mas não aguentaram o balanço na terra.

Lâmpadas fabricadas pela Philips novas, vamos ao caos do trânsito da cidade de Cochabamba.

Que zona, a cidade inteira parece uma 25 de março. O local é gente e ônibus, táxi, cachorro, sacoleiro, moto, tudo junto. Não existe calçada e a que existe está ocupada por uma barraca.

Difícil achar hotel assim, mas encontramos um perto da praça central, 240 bolivianos, vamos jantar.

A moto ficou dentro da recepção!


Uma breve passada pela praça central em busca de restaurante, só tinha uma igreja com uma torre bonita.


Os ônibus aqui são os mais coloridos!


Olha o nome do local do café da manhã hehhe


É isso aí. Cansativo, mas sensacional.

A VISÃO DELA: LUCIANA

O passeio começou com um calorão de Santa Cruz e na metade pra frente um friozão que me deixou imóvel na moto. Eu sofro com o frio e quando disseram que passaríamos por um lugar chamado "La Siberia" eu já pensei que seria complicado pra mim.

Foi um trajeto longo, sem asfalto na grande maioria, mas muito bonito!





Esse trajeto cansou e quando estávamos perto da cidade eu já estava bem aliviada já sonhando com um banho quente. Também estava com fome.
Cochabamba é bem bagunçada e caótica mas graças a Deus fomos mais uma vez supridos com tudo o que precisávamos e exatamente da forma que tenho pedido.
Olha o nome da bolacha!!! É providência dos céus ou não? :D


#partiumaisumaaventura!!

Beijos

P.S.: Hoje tem mais 500km de terra, o google maps fala que são 18h até Coroico. Quem sabe faremos me menos tempo rs

Camping rústico à vista!

9 comentários:

  1. Show..aproveitem ao maximo e postem tudo qie for possivel..boa viagem cautela e um grande abraço!!

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    1. Careca! Estamos vivos, veja só os posts.... um no forno, sai em instantes.

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  2. Top o relato, estou acompanhando! Abraços e boa viagem!

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  3. Parabéns pela deliciosa aventura. Boa sorte e... sempre em frente.

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  4. Espero que tudo esteja bem... pararam de postar... tomara que seja por excesso de diversão. No aguardo.

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    1. Estivemos por 3 dias sem comunicação alguma. Mal tinha energia nos povoados por onde passamos. Mas estamos bem e cheios de história!

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  5. to achando que esse pedaço de terra saindo de santa cruz foi por onde passei
    depois vejo direito

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    1. Esse é o caminho mais "direto" entre Sta Cruz e Cochabamba... acho que postei a foto do mapa!

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