domingo, 1 de fevereiro de 2015

43° dia: de Campos de Júlio/MT a Pedra Preta/MT

LUÍS:
Acidente feio no caminho...
 
O Mato Grosso é grande. E tem estradas ruins, a maioria federais.

Hoje acordamos cedo e estávamos cansados ainda. Só quando liguei o GPS notei que "perdemos" uma hora de sono ontem por conta do fuso horário.

De Rondônia pra MT tem uma hora de diferença no horário de verão. Então perdemos duas horas nos últimos dois dias. Uma do Acre e uma de Rondônia.

Andamos entre as estradas que passam pelas extensas plantações de soja de uma das regiões mais produtoras, passamos por Vilhena ontem e sentido Sudeste só tem soja até MG quase.

Logo que saímos um pouco mais à frente havia uma placa: "Pare: terra indígena".

Em seguida uma tabela de preços: Caminhão, caminhonete, carro... bem caros, e moto por R$ 10.

E no meio do nada um cara com cara de índio segurando umas notas de $ na mão com esperança de que eu parasse e abrisse minha carteira sorrindo.

Nem a pau. Extorsão aqui não.

Depois que nós brancos chegamos à América ou o índio evolui ou cria seu próprio estado, como praticamente foi feito na Bolívia.

Ou mata o branco, o que não dá mais...somos muitos.

Agora me extorquir só porque fizeram uma estrada que passa dentro de uma terra indígena é demais.

Não tivessem feito a estrada ou desfizessem a característica da terra ali...

Muito fácil ficar na beira da estrada arrancando grana de quem viaja.

Nessas horas o estatuto do desarmamento cria um problema...pois se um índio desse mata a gente por se negar a pagar não pega nada. E eu tenho que andar desarmado numa terra dessas sem dono.

Mas ainda bem que nem deu nada. O cara nem se jogou na frente da moto e nem tinha uma cancela para bloquear a passagem.

Nem acenamos, só passamos reto. Fui pensando...Tá, mas e na saída? Pior ainda, chegando la os índios estavam com uma pick-up da fiat tomando cerveja as 11 da manhã.

Vou te contar...

Almoçamos em algum lugar que não lembro onde fica e sacamos uma grana na agência da Caixa da cidade. A Ist queria ficar no banco por causa do ar condicionado hehehe

Seguimos e pouco depois tudo parado outra vez.

De longe se via uma fumaça. Achei que era fogo no acostamento no começo, mas chegando perto era incêndio em veículo, na verdade um caminhão tanque que capotou e pegou fogo.

Os bombeiros estavam apagando...no final já. Mas a estrada estava bloqueada nos dois sentidos.

Pensei: poxa, logo hoje e aqui no meio do nada? Dar a volta e ir por outra estrada ia levar horas.

Então desci da moto e fui a pé até o caminhão dos bombeiros e vi que dava para passar pelo acostamento. Falei com um bombeiro e ele disse para falar com o tenente. Um rapaz mais jovem, avisei que estava de moto e ele deu ok.

A Ist foi andando e eu bem devagarinho. Pois o fogo esquentou as rochas do acostamento e tudo estava queimado.

E o medo de cair no barranco? Rs.

Deu tudo certo. Seguimos viagem. 




Andamos, pegamos trânsito, caminhões de soja já começam a seguir rumo litoral do PR, lotam a estrada.

Chegando próximo de Cuiabá tudo parou, fui pelo acostamento e cheguei a um posto BR. A frentista me disse que aquela fila ia longe ainda, pois a BR estava em obras.

Segui meio aos caminhões e um pouco de acostamento até chegar numa rotatória.

A rota do GPS que eu havia feito me dizia para cruzar a cidade pelo centro urbano, mas considerando o calor resolvi seguir os caminhões pelo anel viário.

Só que estava tudo parado, todos estacionados em fila simples.

Acostamento? Nem tinha. Sai da pista e fui pela terra mesmo.

Era esquema anda e para. Por conta de obras. Só tapa buraco e reforma de uma ponte.

E por isso fazem da vida do cidadão um inferno.

Não quero imaginar quantas horas um caminhoneiro leva para fazer a rota que eu fiz hoje. Fácil dois dias ou mais.

Andamos pelo acostamento por mais de 40km, pela contramão e tudo estava parado. Na contramão não vinha ninguém. Então até os carros se arriscavam.

Um absurdo. Tem o ano todo pra tapar buraco e resolvem fazer isso logo no início da safra de soja?

É como fazer obra na Paulista no dia 24 de dezembro, bem na hora do show que fazem ali perto do TRF/MASP.

Cada coisa...

E estava incrivelmente quente.

Passamos Rondonópolis e pegamos uma saída para Goiás. Aqui do lado sabe ...700km hehehehe

Andamos só até a primeira cidade que tivesse hotel pois já tínhamos passado dos 700km e a bunda dava sinais de que queria descansar e não ver mais o banco da moto.

Paramos então em Pedra Preta/MT no hotel Laura, encostado no posto BR.

R$ 130 caros pelo quarto simples. Mas tinha ar condicionado e café da manhã, além de que aceitava cartão. Só que tinha que passar o cartão no posto.

Fatura paga e fui direto pro banho. No box dois chuveiros. Seria isso também um motel no passado?

Não! Definitivamente não. Um era quente e o outro frio!

Frio nada, no calor de 40° a água já chega quase morna.

A Ist ficou no quentinho e eu adorei o "natural".

Pra jantar, lanche do posto enquanto escrevíamos os post dos últimos dias.


E o merecido descanso.

Fotos: soja, soja, soja...



 

 
LUCIANA:

Fiquei com dó dos boizinhos que eram transportados em caminhões. Tudo parado e eles lá de pé num calor absurdo piorado pelo bafo que sai da carreta! 
Foi bem cansativo!
Quando finalmente paramos pra descansar eu nem falava. 
Andamos mais um montão quando achamos o hotel. 
Fui atrás dos lanches e fomos felizes até às 7h da manhã do dia seguinte. Rs
 

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